quarta-feira, 24 de novembro de 2010

(A)cíclico.

Ansiedade é assim: um relógio pela espera do que virá que logo passa sem você perceber.
Angústia é assim: um aperto em algum lugar vindo de dentro sem razão aparente.
Admiração é assim: encontrar espelhos pelas ruas e fazer deles sua própria sombra.
Amor é assim: certo e errado encontrados num lugar que bate muito forte e não obedece a ninguém.
Acaso é assim: a vida pregando peças e fazendo com que o destino tenha outro nome:
Ansiedade.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Anteposto ou posposto o sujeito é sempre o mesmo.

Quis acreditar que conforme mudassem as frases o sujeito mudaria com elas, mas o problema é que elas nunca mudam, apenas sofrem inversão. Enquanto via de dentro da oração, além de simples, ele parecia agente e núcleo de tudo. Seu complemento verbal era sempre direto e seus advérbios, principalmente, de intensidade. Pena que as horas passam, os verbos vão mudando de transitividade e, consequentemente, pedem novos objetos. O grande problema estava em acreditar que havia exceções à regra, mesmo quando a gramática é clara e diz que "faz algum tempo" é oração sem sujeito. E ponto final.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Gêmeas siamêsas separadas por 15 dias.


Uma é morena, a outra se acha loira. Uma é mais baixa, a outra tem as pernas grandes demais. Uma foi influenciada por maquiagens e esmaltes, a outra por all star. Uma quer os cílios da outra, a outra quer o sorriso da uma. Uma prefere salgados, a outra doces. Uma se liberta em poesias, a outra prefere prosas. Já que as similaridades entre elas não caberiam aqui, é melhor explorar o lado ímpar de cada uma, o que faz exatamente com que elas se completem. Assim, como uma Moska ou Monkeys não têm nada a ver e ao mesmo tempo têm tudo: a vontade de explicar e entender o mundo de uma forma particular, mas dividida em duas metades: uma e outra.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre o futuro.

Tudo pode ser quando nada ainda foi. Castelos poderão ser construídos, templos poderão desmoronar e a gente assistirá ou participará? Depende do ponto de vista. Resolvi somente ser, e deixar com que tudo seja, por completo, pois percebi que tenho o problema de pecar por excessos, talvez por nunca saber qual é a medida exata das coisas. Faço o que acho certo, mas esse talvez mereça não ser seguido, às vezes. Paradoxalmente, sinto pela falta. De mais conversas, ações ou demonstrações. De qualquer coisa. Eu que sempre gostei da organização, hoje me perco nos meus próprios pensamentos desordenados. E, sendo assim, que a incerteza sempre presente como meu plano de fundo possa passar ao plano principal, mas esquecendo lá atrás suas duas primeiras letras.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Agosto.

A (seu) gosto.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lista de presença

Incerteza, aqui.
Dúvida, aqui.
Esperança, aqui.
Vontade, aqui.
E eu, alegria, vou muito bem, obrigada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Coleta seletiva.

Descobri que muitas vezes minhas verdades não são nem um pouco certas e as mentiras vêm à tona na mesma hora em que o presente e o futuro se encontram. Descobri também que alguns têm um dom (péssimo, diga-se de passagem) de serem pessoas diferentes de acordo com a situação na qual estejam enquadradas, ou ainda aqueles que simplesmente não conseguem se enquadrar em nenhuma delas. Os pressupostos que eu criei foram desfeitos. Os dias que planejei foram esquecidos. As memórias que guardava foram agora engavetadas, já as horas perdidas estão sendo prontamente recuperadas. O presente mudou, trazendo como consequência a mudança do futuro. E já que não se pode fazer o mesmo com o passado, resta-me fazer bom uso do esquecimento dele. Mas quer saber? Embora às vezes demore algum tempo, todo lixo deve se decompor.

sábado, 19 de junho de 2010

Futuro do pretérito perfeito.

Houve momentos em que o frio foi insignificante perto do calor de um abraço apertado. Houve espera que ora surpreendeu e ora decepcionou. Houve dias em que as constantes risadas eram o bastante para fazer esquecer qualquer problema. Houve conversas que declarações foram feitas e tudo que parecia importar se resumia ali, no falar de duas pessoas. Houve minutos que pareciam durar eternidades e frequentes horas que pareciam voar. Houve surpresa e saudade. Houve tempo em que muito era constante, mas até o nada importava. Houve um mundo particular e compartilhado. Houve até suposições banais, de quem queria tudo e na verdade tinha pouco. Houve, por fim, longe e perto, ambos resumidos numa distância nunca variável: houve dentro. Houve felicidade. Mas, haverá? Sabe lá.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O amor dele pra ela.

"Eu sei que tudo pode ser, quando ainda não foi. Mas e se já foi? Os olhos enchem de lágrimas até quando o momento é de felicidade, com a simples e infinita distância que nos atrapalha agora. Tudo que eu queria era poder atravessar aquele corredor que nos separava e te dar um abraço bem apertado, do qual eu tanto sinto falta.. ou mesmo ter sua companhia durante o jantar sem que houvesse nenhuma mesa, pratos e talheres ou anos de distância para nos atrapalhar. Queria saber seu endereço para mandar as cartas que já formam pilhas na minha mesa de cabeceira. Mas não canso de escrever, pois acredito que em algum lugar você escuta minhas palavras e as escutará para sempre, posto que o infinito que nos separa é muito menor do que as cinco letras que sentimos, que eu sinto, minha querida. E você sabe bem quais são."


O que ele não sabe é que ela sonha todo dia com palavras como estas e só espera pelo momento em que elas verdadeiramente chegarão, mesmo que seja movidas pelo poder das aspas que as tornam eternas ou pelo vento frio carregado de saudade.

domingo, 6 de junho de 2010

Diz-me tudo.

Nem todo médico é doutor,
nem toda paixão vira amor,
nem todo porque tem resposta,
nem toda mega sena vira aposta.
Nem toda saudade tem cura,
nem todo mundo que acha procura,
nem todo perdão tem saída,
nem toda verdade merece ser dita.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O outro lado da lupa.

Se a distância não fosse fatal, até que ela poderia achar tudo normal. A falta abriu espaço onde o vácuo já habitava e fez de tudo um imenso faz de conta que, na verdade, nada contou. A saudade transformou o que não era em algo que nem será, algo que as mãos dadas não formaram laços pois nem chegaram a ser entrelaçadas e que só o coração dela participava inteiramente.
Talvez ele tenha fugido, talvez esteja descansando.. ninguém é esperto o bastante para saber ou forte para suportar esses comportamentos inconstantes. Ela só queria a paz que ele não mais tinha, pois seus olhos haviam tornado-se pequenos demais diante do mundo que ela desejava enxergar.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Única estação

Subindo uma ladeira cujo nome não me recordo, avistei através do vidro do carro uma árvore. O que me chamou mais atenção foram suas flores, amarelas. Já lá de baixo elas pareciam bonitas, formavam junto com o céu azul uma pintura viva e quanto mais me aproximava delas, mais o sol de meio-dia parecia iluminá-las insistentemente. Ao chegar bem perto, percebi que suas pétalas caídas no chão formavam um cobertor de outono em pleno verão; enquanto que em cima da árvore, seu pólen servia de alimento para um beija-flor que alternava entre uma flor e outra e esse conjunto maravilhoso de elementos alertou-me para uma coisa que muitas vezes pode ser insignificante para a vida de alguns. É que enquanto as flores permanecem presas aos galhos altos e quase intocáveis, poucos são os fatores que as arrancam do lugar. Mas aí, vem uma ventania repentina, derruba-as e todo mundo que passa nem presta atenção em seus pedaços despedaçados e pisam sobre eles. O melhor é mesmo que elas permaneçam quase intocáveis, afinal, o máximo que pode acontecer, mesmo sem tanta frequência, é que um beija-flor venha e retire um pouco do seu pólen, deixando intactas, porém, sua essência e beleza.

domingo, 9 de maio de 2010

Minha Admiração Eterna

Num dia de sol ou numa noite de lua, brilho.
Diante do riso ou na presença do choro, abrigo.
Quando preciso e até sem precisar, abraço.
Tentativa de compreensão e solidariedade em quase tudo que digo ou faço.
As brigas constantes são só resultado do gênio xerocado e fazem-se indiferentes por te ter ao meu lado.
Na maioria das vezes não demonstro meu afeto, desculpa por ser assim..
mas nunca duvide de que você é realmente TPM constante, e sempre vai ser: Tudo Para Mim.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Aceitação.

Em meio a um coração sem notícias do que restou, fico com a sobra do que em mim habitou: um coração onde tudo faz sentido e nunca é devidamente entendido; e vai ser sempre assim, posto que ele sabe quem nem precisa ser.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cheia de amor

Atraída por uma força, ela sempre se mantém em órbita e em nenhuma de suas fases perde a glória. Porém, quando está cheia, reserva tons branco-amarelados que quando não cegam de tanto brilho, iluminam até as menores e insignificantes coisas tornando-se ainda mais maravilhosa. Nem menores ou muito menos insignificantes e com os corações transbordando da sua luz, os amantes de mãos dadas e embaixo do luar projetam suas sombras rumo ao infinito. E ainda assim, renascem diferentes a cada noite.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Duas verdades sobre a língua portuguesa:

A saudade é muito pra ser somente um substantivo abstrato.
Amar não necessita de complementos. Amar é verbo intransitivo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A alegoria dos quase.

Perdi bastante tempo. Tanto que acredito estar quase atrasada. Uma mensagem inesperada despertou-me de um sono quase profundo, e agora sei que foi melhor assim. Ao abrir os olhos, quase sofri. Ao levantar, quase cai. E ao começar a andar, quase me perdi. Sem mais metades, procuro inteiros e completos sem mais finais previamente e devidamente ensaiados. Hoje, caminho para o esquecimento de um futuro quase planejado dentro de um presente que agora se faz mais certo do que nunca.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bem lá no fundo.

A raiz da flor de partiu,
e seu caule sumiu.
Porém suas pétalas, embora despedaçadas sem dor,
permanecerão comigo no bolso do meu ardor.

domingo, 4 de abril de 2010

Revira que não volta.

Se ela soubesse que não ia acontecer, com certeza não teria esperado tanto; e horas de ansiedade, desejo e agonia poderiam ter sido poupadas.
Junto com a tpm deste mês, chegaram falsas promessas de que, talvez, uma volta ao passado trouxesse uma boa lembrança para ganhar vida na atualidade. Decepção. Tem gente que não se importa com os outros, e da noite pro dia simplesmente se transforma. Ele não parecia mais com ele, ou pode ser que tenha realmente aparecido de verdade, mas tudo estava pior. Muito pior. Impossível explicar a sensação que ela sentia vendo a ampulheta acelerada fazer o tempo passar, e ao mesmo tempo em que o futuro se fazia cada vez mais presente, o passado também vinha na forma de lembranças. Desejou por um momento apagá-las da sua cabeça e só voltar a tê-las quando tudo aquilo tivesse realmente passado. Aquilo o que? Esse era o problema, explicação nenhuma lhe foi dada e apesar de não entender nada do que estava acontecendo, sabia que ali começava a se traçar o fim de algo que nem tinha começado na verdade, e não por culpa dela.
As pessoas não escolhem de quem gostam ou não, mas, sim, elas podem fazer de tudo para deixar de gostar delas. Agora, os ponteiros do relógio não mais empurrarão só o vácuo, serão responsáveis pelo ritmo de caminhada das suas pernas, pois, para ela, a corrida já começou e apesar de não saber que obstáculos encontrará pelo caminho, sabe que passará por todos eles e mais que isso, sabe que sairá vitoriosa.

sábado, 3 de abril de 2010

Os efeitos colaterais do playground.

O vento que batia em seu rosto aumentava de velocidade a cada ida e vinda. Apesar de estar sentada numa cadeira um tanto desconfortável, ela nem ligava e cada vez mais utilizava o chão para conseguir mais impulso e subir um pouco mais. Aos poucos, o atrito com o ar fazia com que ela caísse, e lá iam seus pés de novo pro chão empurrar o solo..
Certo dia, sentada na mesma gangorra de todas as tardes, sentiu que algo tinha mudado. Demorou para perceber que estava parada mais tempo no alto, que o vento que chegava até ela era mais forte, e que nem de maneira involuntária ela colocava mais os pés no chão. Uma força vinda do outro lado proporcionava tudo isso, fazendo com que ela começasse a sentir algo que há muito não sentia, e mesmo sabendo que podia fazer tudo aquilo sozinha, passou a perceber todas as vantagens de o fazer junto com alguém.
O equilíbrio que ela passava a ter deixava que seus pensamentos voassem, e apesar de parada, sua cabeça chegava cada vez mais perto das nuvens.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Alugam-se verdades.

Ela sabia que as promessas desenterradas do fundo do baú ainda brilhavam como se tivessem acabado de serem escritas, porém seu brilho só apareceria mesmo se a poeira que as cobria fosse retirada. E aí, quem o faria?
Ela tinha vontade. Seu orgulho era minúsculo e chegava ao ponto de faltar amor próprio as suas atitudes, por isso dessa vez resolveu imitá-lo.
Ele era de lua. Ora a deixava iluminada, ora se fazia indiferente, e na maioria das vezes ausente. Talvez ele não tivesse consciência do quanto ela o adorava, de verdade; e talvez por isso ficasse estranho repentinamente. Ela sofria.. e o tempo que não passava?
Depois que os ponteiros do relógio cansaram de ficar parados, voltaram a girar e foram então aos poucos fazendo com que as dúvidas que a atormentavam fossem andando junto com eles. Finalmente, ela cansou de brincar de ser ele e resolveu recuperar sua personalidade bem a tempo das palavras não pararem de brilhar. Pegou um pano e utilizou lágrimas como forma de umedecê-lo, foi fácil chorar. Mas à medida que limpava o baú, percebia que as promessas dele haviam tornado-se maiores, estavam unidas numa só, uma jura. Pegou-as com cuidado e involuntariamente começou a chorar mais ainda: você sempre vai ser única pra mim, meu bem.
Dessa vez ele havia acertado direitinho em que promessa fazer, e em como fazê-la. Ele não é constante, mas ela sempre vai adorá-lo ainda assim. Saiu correndo, desejando atravessar as ruas que os separavam e achar lá no final aquele abraço apertado que só ele tinha.
Conseguiu, acordou abraçada com seu travesseiro.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Parte II - Fireflies.

Uma luz. Milhares de luzes.
Mudaram de lugar sem ao menos esperar o vento passar..
Para onde foram?
Tentei segui-las mas foi em vão,
os insetos voaram sem direção,
e quando percebi, não os via mais por ali.
E aí o vento veio,
trouxe palavras e um sorriso encantador,
que no fundo não passava de enganador,
como qualquer faísca que venha do fundo,
não fica acesa nem por um segundo.
Pena foi acreditar, que aquilo ia mudar..
Mas o escuro não muda,
é melhor esperar a energia voltar,
e torcer para até lá a chama da vela não me queimar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Medo do claro.

Apagaram as luzes. Ainda que estivesse tudo escuro e eu nada conseguisse enxergar, fechei os olhos. Peguei o primeiro objeto que encontrei ao meu alcance, uma almofada. Mesmo sabendo do que se tratava resolvi imaginar o que aquilo poderia ser. Pensei em um sapato, em um vidro de perfume, numa pessoa. Mas ao final de tudo só a figura de uma almofada me vinha à cabeça. Não sei se por falta de criatividade ou direcionamento da imagem, não conseguia mudar meus pensamentos. Uma almofada. Conheço cada aresta e vértice do meu quarto perfeitamente bem, e talvez por isso tivesse tanta certeza do que guardava em meus braços.. porém, certezas nem sempre são de fato certas. Ninguém tem medo do que é conhecido, e o seu contrário é sempre o vilão da história. Há curiosidade sobre o incerto, mas não adianta dizer que o medo não prevalece. É verdade que surpresas desagradáveis podem acontecer, mas, por outro lado, bem próximo a você pode estar um grande tesouro trazido e conservado pelo passar dos anos e devido a escuridão que é o desconhecido, não é percebido.
Acenderam as luzes, e que surpresa. O que tinha nas mãos não era um almofada e sim um pedaço de uma nuvem que peguei em um de meus sonhos quando fui até o céu. Como se não bastasse as aparências sempre me enganarem, apagaram as luzes, de novo. Mas dessa vez, acenderam meus pensamentos.

domingo, 7 de março de 2010

Assalto.

Se fui chata, desculpe-me. Não percebi que não parei de falar um segundo sequer. Durante o jantar, consegui contar minha vida toda e ainda algumas previsões futuras, um feito e tanto. Intimidada ou com medo do que pudesse (ou não) acontecer, preferi me certificar que você saberia em que terreno estava pisando. Sendo assim, posso considerar que foi de propósito que começou a me roubar. Os dias que se passaram só deixaram mais evidente tudo aquilo que eu já suspeitava e passava a aceitar; é que eu até posso não conseguir roubar muita coisa sua, mas dizem que os melhores sorrisos (e beijos) são aqueles que são roubados.
E a verdade é que eu tenho alguns já prontos só esperando que você os roube, a qualquer hora.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O eu dela.

De tanto que pulava, acabou cansando. Entrou de férias, depois em greve, resolveu voltar, ficou grávido, e por fim, dividiu-se. Mesmo sem ter mandado aviso prévio, resolvi aceitar a decisão de bom grado, pois o que me restou ainda batia forte, muito forte. Percebi, porém, que estava ritmado de acordo com outra melodia, que não era mais a minha, mas que de certa forma completava os acordes que me faltavam, fazendo com que eu me tornasse mais completa. Que coisa louca, pensei. Como eu poderia estar ligada a alguém que nem sei ao certo quem é? Pelo menos achava que não. Do meu ponto de vista, seria problema, mas no dele não. Quando foi perceptível a ligação que surgia entre eu e mais alguém, ele logo tratou de procurar uma forma de se fixar ao outro de maneira que me carregasse por aí afora. Bem, com ele eu não sei; mas comigo seu trabalho foi muito bem feito. Algumas palavras sinceras puxaram uma lágrima involuntária do meu olho, e aí, mesmo que eu quisesse continuar sem querer acreditar, e pensar que a parte que eu não carregava estava perdida por aí, a decisão estava tomada. A razão não tem vez quando a emoção escolhe alguém pra compartilhar o amor, e essa é mesmo a palavra. As fases fazem com que às vezes a lua saia ao meio, e hoje, assim se faz meu coração.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nem tudo sempre acaba em pizza.

Eu achava que eles estavam bem, mas enquanto me fazia invisível e assistia a tudo de longe, percebi que ela também achava muita coisa. Achava que ele gostava dela, que se importava com ela, que queria o bem dela. Achava que ele era o homem certo, que nada ia mudar nunca. Achou errado. Ele se foi, e ela passou a achar que ele estava fazendo uma grande besteira, passando a culpá-lo por tudo de ruim que acontecia. Achou por fim, que devia parar de achar, e finalmente achou certo. Antes de eu partir, ela percebeu minha presença na sala e me disse algumas palavras que me fizeram parar para pensar. Ela disse que eu não devia me importar em com quantos paus se constrói uma canoa, e foi só. Quando cheguei em casa, havia uma mensagem na secretária eletrônica, que nunca tem nada, e torcendo pra que não fosse a mulher do cartão de crédito apertei o botão verde. Antes fosse. Uma voz grossa que eu conhecia bem começou a gaguejar e disse por fim que precisava falar sério comigo. Era meu ele. Não precisei de mais nada pra perceber o que a mulher mais cedo quis me dizer; é que a qualquer momento pode vir uma onda e virar a canoa independente de qualquer coisa, e aí só duas coisas podem acontecer: ou o mar leva tudo que lá havia para sempre, ou os traz de volta para a areia da praia, só depende da direção que o vento vai tomar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Not for sale.

Senti um cheiro conhecido, um cheiro que não era meu nem seu.. mas era nosso. Tenho certeza que tranquei bem a porta pois levo a chave bem aqui em meu bolso, como pôde ele escapar? Ah, já sei. O buraco da fechadura, claro. Sabia que um dia isso ia acontecer, essas memórias não me deixam mesmo esquecer. Bem, fiz o que pude.. rasguei fotos, cartas e até um pedaço do meu coração. Mas não resisti em lá no fundo, sem que ninguém soubesse, guardar esse cheiro. Parece-me que ele fugiu e foi à procura de seu outro dono.. que inveja sinto desse vento que o leva por poder estar assim perto dele. Só peço para que fique longe, para que o outro não possa te sentir, não quero que ele tenha o que tenho bem aqui. Tudo bem, admito que relembrar isso não me faz tão bem a longo prazo e mesmo não querendo sei que vai ser melhor assim. Recolho a essência com carinho e me desfaço do nosso último suspiro. O cheiro sumiu, a chuva caiu, e o levou para bem longe daqui, numa espécie de bazar onde as saudades mais queridas vão parar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sem linhas nem agulhas

Deitada em seu peito, seus corpos formavam uma membrana invisível, mas bem forte. Aos poucos, os dois se fundiam até que chegaram num ser só, quase completo. Ele sussurrou alguma coisa em seu ouvido, e apesar de não ter entendido, ela preferiu supor que era o que queria ouvir, respondendo então com um sorriso, que ela também.
Surpreendentemente, ele pediu pra que ela se virasse para que pudessem dar um abraço quebrando a membrana, mas indescutivelmente formando algo mais forte. É que foi quando ela percebeu que o abraço é um ponto que a vida dá pra que se possa costurar o amor.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Yes, I do.

De tudo que ainda não foi, e por tudo que ainda será,
De toda história que um dia passou, e espera continuar,
De conversas esquecidas, que promete não mais acontecer,
De um futuro incerto, e que se fez certo ao ouvi-lo dizer.
De um sorriso sincero, que a distância o fez apagar,
De uma flor perfumada, que as pétalas não perderá,
De um abraço guardado, que por sedex sobreviveu,
De um fruto proibido, que a menina mordeu.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Intervalo.

A peça teve início anos atrás, e dentre comédias e tragédias foi atração de inúmeros teatros. Cada cena, sempre única, apesar de repetida inúmeras vezes formando uma rotina, vinha seguida de palmas, choros, sorrisos.. e todas as outras emoções que constituem o ser humano. As protagonistas eram sempre as mesmas, já os antagonistas e personagens secundários variavam a cada momento, não fazendo a mínima diferença pra falar a verdade, pois quem realmente era necessário estava sempre ali. O tempo passa, a peça aumenta de espectadores e começa a ter desfechos imprevisíveis, os quais, às vezes, podem fazer com que a história precise de uma continuação das vidas da dupla não mais juntas. O mesmo tempo que faz com que isso aconteça irá, com certeza, juntar esses dois caminhos mais uma vez, e dessa vez, sem mais trocas de cenários, ou pausas para lanche.
Agora, as cortinas entreabertas aguardam o fechamento do primeiro ato. E apesar do público não mais presenciar o contato entre os atores, os mesmos continuam ali atrás atuando, mesmo que por internet ou telepatia. O sentimento, ou melhor os sentimentos, os mesmos que a plateia sentia, porém de uma forma muito mais intensa vão fazer com que o tempo necessário para o início do segundo ato só traga melhorias, pro espetáculo, e principalmente, para as protagonistas. E mesmo com todos esses benefícios, ainda sim, gostaria de que toda a peça fosse formada de apenas um ato, eterno. Como isso não é possível, só desejo que esse período passe rápido e seja de grande aprendizado para ambas as partes; e claro, que você lembre sempre que o teatro só espera por você.

Se cuida, e volta logo para que possamos terminar essa peça, juntas.
Para sempre,
Tami.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Descobertas vindas de cima.

Formigas imersas em milhares de formigueiros, é o que parece ser. À medida que ele sobe mais, elas desaparecem e tudo acaba numa aquarela. Um mar verde se forma e a altura é inversamente proporcional a nitidez da visão para baixo. Olho para o lado, encontro uma asa e vários pedaços de algodão intocáveis..
Tic-tac.
O que parecia longe agora está perto, formigas se transformam em gigantes e o formigueiro num infinito que os olhos não mais alcançam. Engraçado.. tudo muda rápido e eu percebo que o real é tudo aquilo que desejamos que ele seja, e quando as pessoas passarem a perceber isso, talvez o mundo vire mundo e deixe de fingir sê-lo. Dessa forma, você vai descobrir se o futuro é mesmo escuro ou é só você que está de olhos fechados.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Post-it.

Se um dia ela pensou em escrever uma carta de amor, não imaginou que esse seria o final. Agora ele só merece um bilhete colado na geladeira, para ser usado como lembrete. E antes que ele acorde ela se vai.
Ao acordar, ele dá de cara com a casa vazia e um post-it amarelo, o qual fez sua vida ficar da mesma cor depois de lê-lo.
"E de Ela,
E de Ele,
E no fim de Love, e no começo de End.
Sem espaço para nós."
O que ele não percebeu é que tinha uma parte rasgada, justo a que dizia "Eu te amo". E que ela havia carregado para sempre com ela.