sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cheia de amor

Atraída por uma força, ela sempre se mantém em órbita e em nenhuma de suas fases perde a glória. Porém, quando está cheia, reserva tons branco-amarelados que quando não cegam de tanto brilho, iluminam até as menores e insignificantes coisas tornando-se ainda mais maravilhosa. Nem menores ou muito menos insignificantes e com os corações transbordando da sua luz, os amantes de mãos dadas e embaixo do luar projetam suas sombras rumo ao infinito. E ainda assim, renascem diferentes a cada noite.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Duas verdades sobre a língua portuguesa:

A saudade é muito pra ser somente um substantivo abstrato.
Amar não necessita de complementos. Amar é verbo intransitivo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A alegoria dos quase.

Perdi bastante tempo. Tanto que acredito estar quase atrasada. Uma mensagem inesperada despertou-me de um sono quase profundo, e agora sei que foi melhor assim. Ao abrir os olhos, quase sofri. Ao levantar, quase cai. E ao começar a andar, quase me perdi. Sem mais metades, procuro inteiros e completos sem mais finais previamente e devidamente ensaiados. Hoje, caminho para o esquecimento de um futuro quase planejado dentro de um presente que agora se faz mais certo do que nunca.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bem lá no fundo.

A raiz da flor de partiu,
e seu caule sumiu.
Porém suas pétalas, embora despedaçadas sem dor,
permanecerão comigo no bolso do meu ardor.

domingo, 4 de abril de 2010

Revira que não volta.

Se ela soubesse que não ia acontecer, com certeza não teria esperado tanto; e horas de ansiedade, desejo e agonia poderiam ter sido poupadas.
Junto com a tpm deste mês, chegaram falsas promessas de que, talvez, uma volta ao passado trouxesse uma boa lembrança para ganhar vida na atualidade. Decepção. Tem gente que não se importa com os outros, e da noite pro dia simplesmente se transforma. Ele não parecia mais com ele, ou pode ser que tenha realmente aparecido de verdade, mas tudo estava pior. Muito pior. Impossível explicar a sensação que ela sentia vendo a ampulheta acelerada fazer o tempo passar, e ao mesmo tempo em que o futuro se fazia cada vez mais presente, o passado também vinha na forma de lembranças. Desejou por um momento apagá-las da sua cabeça e só voltar a tê-las quando tudo aquilo tivesse realmente passado. Aquilo o que? Esse era o problema, explicação nenhuma lhe foi dada e apesar de não entender nada do que estava acontecendo, sabia que ali começava a se traçar o fim de algo que nem tinha começado na verdade, e não por culpa dela.
As pessoas não escolhem de quem gostam ou não, mas, sim, elas podem fazer de tudo para deixar de gostar delas. Agora, os ponteiros do relógio não mais empurrarão só o vácuo, serão responsáveis pelo ritmo de caminhada das suas pernas, pois, para ela, a corrida já começou e apesar de não saber que obstáculos encontrará pelo caminho, sabe que passará por todos eles e mais que isso, sabe que sairá vitoriosa.

sábado, 3 de abril de 2010

Os efeitos colaterais do playground.

O vento que batia em seu rosto aumentava de velocidade a cada ida e vinda. Apesar de estar sentada numa cadeira um tanto desconfortável, ela nem ligava e cada vez mais utilizava o chão para conseguir mais impulso e subir um pouco mais. Aos poucos, o atrito com o ar fazia com que ela caísse, e lá iam seus pés de novo pro chão empurrar o solo..
Certo dia, sentada na mesma gangorra de todas as tardes, sentiu que algo tinha mudado. Demorou para perceber que estava parada mais tempo no alto, que o vento que chegava até ela era mais forte, e que nem de maneira involuntária ela colocava mais os pés no chão. Uma força vinda do outro lado proporcionava tudo isso, fazendo com que ela começasse a sentir algo que há muito não sentia, e mesmo sabendo que podia fazer tudo aquilo sozinha, passou a perceber todas as vantagens de o fazer junto com alguém.
O equilíbrio que ela passava a ter deixava que seus pensamentos voassem, e apesar de parada, sua cabeça chegava cada vez mais perto das nuvens.