quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Auto-controle, remoto.

No controle remoto dela só tinha uma tecla: stop. Sua mente operava em preto e branco, e as músicas que chegavam aos seus ouvidos não tinham mais melodia. Podia até não perceber as horas passando, nem ao menos os dias; mas sabia que se afundava num mundo paralelo. Às vezes isso é bom, mas não com ela. Sentia além de seus próprios problemas, e acabou se transformando numa alma motorizada, que não pensava nem muito menos tinha sensações particulares. Pode ser contraditório, pois já que ela vivia num mundo próprio, como suas sensações poderiam ser coletivas? Pelo simples fato dela não querer sentir, e acabou tomando posse do que o outro fazia, era muito mais fácil. Acabou se prendendo a uma corrente, na qual a liberdade parecia pior do que a busca do impossível.
Um dia, porém, percebeu que estava ficando cansada. Cansada da vida que levava, ou melhor, da que não levava. Passou a se soltar aos poucos da corrente que a prendia, e percebeu que sair do seu mundo paralelo não parecia mais tão assustador. Superou obstáculos antes inalcançáveis, e mais que isso, correu atrás de algo que há muito tempo não lembrava que existia, ela mesma.
Sua mente agora é colorida, mas seu controle remoto (que agora é só remoto, e não mais controle) continua tendo uma só tecla: play.

4 comentários:

  1. Eu viagei no universo dela...
    parabéns!

    beijo

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  2. always play..never gonna stopppppppppp !!


    http://deposito66.blogspot.com/

    segue no grau !

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  3. gostei bastante do texto ficou bem maneiro!!!!

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  4. muiuto legal o texto :)


    www.ondasdemutilacao.blogspot.com

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