segunda-feira, 17 de maio de 2010

Única estação

Subindo uma ladeira cujo nome não me recordo, avistei através do vidro do carro uma árvore. O que me chamou mais atenção foram suas flores, amarelas. Já lá de baixo elas pareciam bonitas, formavam junto com o céu azul uma pintura viva e quanto mais me aproximava delas, mais o sol de meio-dia parecia iluminá-las insistentemente. Ao chegar bem perto, percebi que suas pétalas caídas no chão formavam um cobertor de outono em pleno verão; enquanto que em cima da árvore, seu pólen servia de alimento para um beija-flor que alternava entre uma flor e outra e esse conjunto maravilhoso de elementos alertou-me para uma coisa que muitas vezes pode ser insignificante para a vida de alguns. É que enquanto as flores permanecem presas aos galhos altos e quase intocáveis, poucos são os fatores que as arrancam do lugar. Mas aí, vem uma ventania repentina, derruba-as e todo mundo que passa nem presta atenção em seus pedaços despedaçados e pisam sobre eles. O melhor é mesmo que elas permaneçam quase intocáveis, afinal, o máximo que pode acontecer, mesmo sem tanta frequência, é que um beija-flor venha e retire um pouco do seu pólen, deixando intactas, porém, sua essência e beleza.

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